Balanço

Porto de Rio Grande teve queda de movimentação em 2022

Afetada pela estiagem, soja foi principal responsável pela queda

Foto: divulgação - DP - Em 2022, Portos RS fez investimentos de R$ 120 milhões com recursos próprios; para 2023, projeção é de R$ 160 milhões

Por Douglas Dutra
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O Porto de Rio Grande, um dos cinco maiores do Brasil, teve um 2022 de queda nas movimentações. Os dados de janeiro a novembro apontam uma diminuição total de 18%. O principal motivo foi a estiagem que afetou o Rio Grande do Sul e causou perdas intensas na agricultura. No segundo trimestre, por exemplo, o PIB do RS chegou a ter queda de 11,5%.

A soja, uma das principais commodities agrícolas, puxou o número para baixo e teve uma queda de 58,46% de movimentação no porto. Entre janeiro e novembro de 2022, a movimentação somou 5,3 milhões de toneladas, ante 12,8 milhões em 2021. O destaque positivo foi o trigo, que teve uma alta expressiva, de 233,4% no período, passando de 777 mil toneladas em 2021 para 2,5 milhões em 2022.

Para a Portos RS, que administra os terminais públicos do Estado, no entanto, o cenário não é de pessimismo. Especialmente levando em consideração a comparação com 2021, ano em que o porto teve sua maior movimentação na história, de 45 milhões de toneladas. Na comparação com 2020, que também foi afetado pela estiagem, o cenário é de estabilidade. Os números são até novembro. Os dados consolidados de 2022 devem ser divulgados nas próximas semanas.

A queda de movimentação em 2022 não significa que o porto teve capacidade ociosa. “Os próprios terminais e os operadores buscam alternativas para fazer a movimentação”, diz o presidente Cristiano Klinger.

Como destaque positivo de 2022, Klinger aponta a mudança do status do órgão de autarquia para empresa pública em maio do ano passado, permitindo que a administração da Portos RS otimizasse investimentos utilizando caixa próprio. “A partir dessa mudança a gente teve a autonomia e a capacidade de iniciar os investimentos necessários, tão almejados pela comunidade portuária”, afirma. Como autarquia, todos os recursos dos portos entravam no caixa único do Estado.

Com essa mudança, já foi possível realizar investimentos na casa de R$ 120 milhões em 2022, incluindo obras de dragagem do canal de acesso. Já para 2023, o conselho de administração da Portos RS aprovou na quarta-feira (4) a projeção de investimentos de mais de R$ 160 milhões.

Entre os planos do presidente Cristiano Klinger para 2023 está atrair mais empresas privadas, através de um chamamento público, que já foi lançado, para arrendar áreas do Porto de Rio Grande, mantendo a movimentação contínua e aproveitando o potencial da estrutura já existente.

Para a movimentação de cargas, a perspectiva é de estabilidade em 2023. “Como a gente ainda tem uma previsão de estiagem, com produtores já relatando quebra na produção da soja, a nossa projeção é uma manutenção de movimentação da soja, e no geral também”, diz Klinger.

Olhando para além de 2023, a meta é observar a experiência de outros portos do continente para atrair investimentos para o Estado. “Nosso papel é conectar as vias do desenvolvimento, olhando a competitividade e a sustentabilidade. Queremos ser vistos até 2026 como referência em gestão hidroportuária no Cone Sul”, projeta Cristiano Klinger.

Fiscalização
A movimentação do Porto de Rio Grande em 2022 também tem impactos na arrecadação de impostos. Segundo dados parciais da Receita Federal, o Porto de Rio Grande gerou cerca de R$ 2,295 milhões em impostos no ano passado. Em exportações, foram movimentados US$ 13,5 bilhões, enquanto em importações a soma chega a US$ 6,4 bilhões.

O auditor-fiscal Márcio Colares, que foi delegado da Alfândega do Porto de Rio Grande até o final de 2022, aponta que “a alfândega não tem o foco arrecadatório, tem mais o foco de controle das mercadorias, para evitar que prejudique o comércio local, seja com contrabando ou alguma prática ilegal”.

Cristiano Demboski, que tomou posse como delegado da Alfândega nesta semana, projeta que o desafio da sua gestão será a vigilância náutica. “Temos uma grande demanda para fiscalizar com uso de tecnologia, como drones, e mergulhadores”, diz, ressaltando a importância da parceria da aduana com a Marinha.

Antes de vir para Rio Grande, Demboski passou por alfândegas do Amazonas, incluindo o porto e o aeroporto de Manaus. “Eu tive a oportunidade de conhecer todos os modais na parte aduaneira, que me ajudou a ter uma visão global de trabalho, e com certeza vou trazer essa experiência para Rio Grande”, aponta. ​

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